domingo, 12 de setembro de 2010

Domingo


Cheguei em casa de madrugada, pra variar. Mas dessa vez foi diferente. Nada estava lá. Sumiu os sofás, a televisão, sumiram-se as roupas, e ela, o mais importante, sumiu junto. Estranho não chegar de mansinho pra não acordá-la e levar uma bronca pelo horário chegado. Estranho dormir com uma sensação de medo por saber como ela está, se está bem, com fome, com medo.. Acordar foi mais estranho ainda, cadê ela pra me falar bom dia? e perguntar se eu quero café ou toddy? Cadê ela pra resmungar o tempo todo falando que eu deixo a casa uma bagunça? Cadê ela pra me pedir pra ligar o som pois ela mal sabe mexer? Fazer o que. Tive que acordar do mesmo jeito. Mas tive uma sensação de que não podia ficar mal, então comecei arrumando a casa, fiz uma faxina completa, mudei as coisas de lugar, tirei pó, e queria fazer isso pra mostrar que eu sei sim viver bem as mudanças da vida, viver bem as mudanças dos meus pais, e viver bem por tentar ser independente. Meu pai tentando esconder o ar triste, foi me ajudar na limpeza, e falou que a gente tinha que continuar, e que tínhamos que continuar bem, irônico ele, pois toda vez que ele começa a falar disso, ele começa a chorar. Choro de alegria? duvido muito.
Aonde você vai almoçar filha? vou almoçar fora com o pai, mãe. Então tá, vou almoçar na casa da minha amiga, depois passa em casa me ver. Tudo bem dona mãe. E o que acontece? meu orgulho vem a tona, como sempre. Não estava afim de visitar minha mãe e seu novo lar, pra que? se ela quisesse me ver, ela que viesse pra minha casa me visitar. Agora tenho que marcar hora pra ver minha própria mãe?
Meu amor veio em casa, e perto dele eu consegui esquecer todas as preocupações, graças a Deus ele apareceu na minha vida, por isso que eu falo, tudo tem sua hora e seu momento certo.
Fui dar uma volta com meu pai, ninguém na rua, nem cachorro tinha, fiquei mais desanimada ainda. Foi quando meu pai falou: domingo é um dia triste minha filha. Eu olhei pra ele e pensei comigo mesma, não é só domingo de agora pra frente pai..
É triste você ver sua "família" não ser mais família. Cada um pra um canto, tentando viver suas vidas da melhor forma. Tento ser otimista, pra falar a verdade, eu nem penso mais nisso, não quero me meter, pois sei que quanto mais perto eu fico, mais isso me machuca. Estou começando a ser fria, e faço de conta que nada aconteceu. Mas estou sendo hipócrita, porque o que eu mais queria é que nossa vida voltasse a ser como era antes.
Tudo bem, " cada um de nós compõe a sua história, e carrega o dom de ser capaz, e ser feliz..''